Manaus completa dois meses de retorno às aulas privadas sem surto de covid-19
Brasil SaúdeManaus foi a primeira cidade no Brasil a retomar as aulas presenciais em julho e depois de dois meses não registrou nenhum novo caso de covid-19 em sua rede privada, de acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Manaus. A informação foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo nesse sábado (12).
Em entrevista à Folha, a presidente da entidade, Elaine Saldanha, afirmou que a decisão foi tomada com base no diálogo constante com as famílias e a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.
O plano segue os protocolos internacionais como distanciamento, higienização, uso de equipamentos de proteção, maior espaçamento entre pias e banheiros, aferição de temperatura corporal e comunicação imediata caso alguém apresente sintomas.
Na rede pública o quadro é diferente. A tentativa de retomada no final de julho foi cancelada após 342 professores contraírem a doença. Em 10 de agosto começou uma segunda tentativa, mas apenas para alunos do ensino médio e programas de aprendizagem de jovens e adultos. Não há previsão para retorno das séries inicais.
Manaus foi uma das primeiras cidades a passar pelo pico da doença, em abril, quando o sistema de saúde entrou em colapso. Também foi a primeira cidade a apresentar queda nas transmissões e no número de mortes.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a volta pode ter sido precipitada, pois reabrir os colégios deve ser prioridade, mas apenas quando a transmissão comunitária da doença estiver suprimida, o que não é o caso do Brasil.
A evolução do contágio e das mortes, de acordo com o cálculo feito pelo consórcio de veículos de imprensa, aponta que a maioria dos estados apresenta queda ou estabilidade, mas em patamar elevado. Na quinta-feira (10) foram 27,7 mil casos na média móvel e 692 mortes.
A colunista da Folha e diretora do Centro de Excelência em Inovação e Políticas Educacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas) afirma que é cedo para voltar, e cita o exemplo dos países europeus que reabriram quando a curva achatou em um patamar baixo e a China e Coreia do Sul, que tinham apenas pequenos focos de contágio e média abaixo de cem casos diários.
Apesar disso, a França e Coreia do Sul precisaram fechar novamente por causa de novos surtos. Israel impôs quarentena a alunos e professores após nova onda de casos.
As escolas particulares tentam retomar as atividades, alegando mais condições de cumprir os protocolos, mas para Costin, da FGV, o retorno das aulas públicas depois das particulares contribuiria para aumentar a desigualdade educacional e diferenças sociais pós-pandemia.
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MSN