Mais de 30% dos municípios brasileiros não registram mortes por Covid-19 em julho; confira

Mais de 30% dos municípios brasileiros não registram mortes por Covid-19 em julho; confira

Brasil Destaque
Joaquim
10 de agosto de 2021
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Em julho deste ano, 31% dos municípios brasileiros não registraram mortes por Covid-19, o maior número dos últimos cinco meses. É o que mostra levantamento exclusivo do G1, usando dados tabulados pelo pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa.

Foram 1.750 cidades sem notificação de óbitos no último mês, um aumento de 35% em relação às 1.293 de junho. É o maior número desde fevereiro, quando 2.202 municípios registraram zero morte.

A maior parte dos municípios sem mortes tem menos de 10 mil habitantes. São 1.250 nessa faixa populacional (71% do total).

A cidade mais populosa sem mortes registradas em julho de 2021 é Coari (AM), com 85.910 habitantes, que no início do ano chegou a ver pacientes morrerem por falta de oxigênio.

Número de cidades sem morte aumenta — Foto: Guilherme Gomes/G1

As regiões Norte e Nordeste registraram o maior percentual de municípios sem mortes em julho.

Ao todo, 172 municípios do Norte não notificaram mortes no último mês, o equivalente a 38% do total. Já no Nordeste, foram 670 sem óbitos (37% do total).

Mortes em queda

Os dados mostram que 63% dos municípios registram queda na média diária de mortes por Covid-19 em julho quando comparado ao mês anterior. É o maior percentual desde o início da pandemia.

Ao todo, 3.483 cidades brasileiras tiveram redução na média diária de óbitos no último mês em relação a junho.

Nos mapas abaixo é possível ver a evolução das mortes ao redor do Brasil desde o início da pandemia, com picos em julho de 2020 e em abril deste ano.

Mapas das mortes por Covid-19 nos municípios brasileiros de fevereiro de 2020 a julho de 2021 — Foto: G1

Mapas das mortes por Covid-19 nos municípios brasileiros de fevereiro de 2020 a julho de 2021 — Foto: G1

Efeito da vacinação

Para o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), “as cidades pequenas têm menos gente e, como estamos analisando um número absoluto de mortes, então, as cidades pequenas têm maior probabilidade de ter menos mortes justamente porque elas são menores”.

“Sobre as razões para esse aumento no número de cidades sem mortes, é uma ótima notícia. É efeito direto da vacinação. Até porque a gente [Brasil] não adotou outras medidas de restrição de circulação do vírus.”https://85b90a7e73052bd198a358864f7bd2fe.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também avalia que a ausência de óbitos em cidades menores é uma consequência da vacinação.

“Na verdade, a gente sabe que o número de óbitos está associado ao número da casos, proporcionalmente. O número de casos vai depender do tamanho da população. A tendência é que as cidades menores tenham uma queda mais importante porque proporcionalmente tem menos população exposta”, explica.

Além disso, Croda diz ainda que as cidades menores do país conseguiram atingir uma cobertura de duas doses mais alta do que as metrópoles. Todas as vacinas em aplicação no país são eficazes contra hospitalização e a versão grave da Covid-19, o que contribui diretamente para a ausência de mortes devido à infecção em algumas regiões do país.

“As cidades menores têm mais cobertura. E se você comparar com as cidades maiores, elas [cidades menores] conseguiram avançar mais na imunização e mais rapidamente. Várias cidades já estão vacinando até acima de 18 anos”, explica.

Delta avança

O cenário é um pouco mais complexo em cidades maiores, com mais de 100 mil habitantes, e com taxas de segunda dose muito baixas. A variante delta, já em ascensão comprovada principalmente no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, só se desenvolve de forma leve após o ciclo vacinal completo das vacinas em aplicação no país.

“O Brasil tem uma baixa cobertura de segunda dose, perto dos 20%, então, pode sim a delta ser responsável por uma retomada do aumento de óbitos a depender da sua disseminação e dos cuidados nos diferentes estados”, diz Croda.

Na quarta-feira (4), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou uma possível reversão na tendência de queda no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. A síndrome pode ser causada por vários vírus respiratórios, mas, durante a pandemia, quase todos os casos no país são causados por Covid-19.https://85b90a7e73052bd198a358864f7bd2fe.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

De acordo com a Fiocruz, o estudo registrou sinal de queda na tendência de longo prazo — ou seja, em relação às últimas seis semanas — mas, quanto às últimas três semanas, os dados indicam sinal moderado de crescimento.

Como já apontado em outros balanços, o número de mortes continua a cair. Apenas Acre, Mato Grosso do Sul e Amazonas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, com destaque para o Acre, único estado que registrou sinal forte de crescimento.

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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