Um mês depois do duplo homicídio, PF apura se houve mandante de crime contra Bruno e Dom

Um mês depois do duplo homicídio, PF apura se houve mandante de crime contra Bruno e Dom

Brasil
Joaquim
5 de julho de 2022
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Um mês depois do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips serem mortos a tiros de espingarda na região do Vale do Javari, no Amazonas, a Polícia Federal (PF) se concentra em descobrir o que motivou o crime, se os assassinatos foram premeditados e como exatamente se deu a sequência de acontecimentos. Além disso, os policiais investigam se houve um mandante.

Depois de descartar inicialmente a figura de um mandante por trás das mortes de Dom e Bruno, a PF agora apura a existência de um autor intelectual dos assassinatos.

– A gente não está investigando uma pessoa específica, a gente está vendo os fatos. Se os fatos apontarem para algum mandante, a gente vai atrás desse mandante, mas até o momento não estamos atrás – afirmou o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Fontes.

Os peritos federais que ainda ontem colhiam vestígios na lancha em que navegavam Bruno e Dom aterrissam nesta terça-feira em Brasília, dia em que completa um mês das mortes, para iniciar a produção de um laudo que busca verificar, a partir das simulações feitas com os autores do crime, as versões colhidas durante os depoimentos. O trabalho deve durar até 90 dias.

O resultado de outro laudo, que analisa os ferimentos à bala, deve sair esta semana.

Até o momento, oito pessoas foram presas. Segundo a PF, sete delas integram a mesma família que o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, que confessou os assassinatos e segue preso em Atalaia do Norte, ao lado de seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, além de Jeferson da Silva Lima, que também confessou os disparos.

Conforme revelado pelo GLOBO, Pelado é cunhado de Laurimar Lopes Alves, o Caboclo, um pescador que tem processos na Justiça Federal por invasões recorrentes à terra indígena Vale do Javari, além de um histórico de violência contra índios Korubos, de recente contato. O GLOBO apurou que o núcleo de inteligência da PF em Tabatinga investiga se houve a participação no crime de Laurimar, que é casado com a irmã de Pelado, Elizandra da Costa de Oliveira.

Procurada, a família de Oseney da Costa de Oliveira não retornou aos contatos da reportagem. O GLOBO também tentou contato com o advogado que representa a defesa dos investigados, Edinilson Almeida Tananta, mas ele não retornou.

Prisão preventiva

A força-tarefa criada para investigar o caso pedirá à Justiça estadual a conversão em prisão preventiva (sem duração definida) das prisões temporárias tanto de Pelado como de Jeferson, que vencem em poucos dias, segundo o superintendente da PF no Amazonas. Além disso, também pleiteará a renovação, por mais 30 dias, da prisão temporária de Oseney, cuja libertação, segundo sua mulher disse ao GLOBO, estava programada para 14 de julho.

— A gente está avançando nas investigações, hoje temos oito pessoas efetivamente envolvidas, sete que são criminosos confessos — diz Eduardo Fontes. — Só Oseney até agora nega participação tanto nos homicídios como na ocultação dos cadáveres. Mas temos provas testemunhais que colocam ele na cena do crime e estamos em busca de entender se havia ou não algum plano de participação nos homicídios. Vamos mantê-los presos preventivamente, os dois que confessaram, e temporariamente aquele que ainda está negando.

Os outros envolvidos aguardam as investigações em liberdade.

Na quinta-feira passada, enquanto os parlamentares da comissão externa criada para investigar o aumento de crimes na Amazônia visitavam Atalaia do Norte, os peritos federais conduziam no rio Itaquaí mais uma etapa da simulação dos assassinatos, que foi totalmente concluída nesta segunda-feira.

– Essa reprodução simulada vai trazer de forma técnica todas as inconsistências que temos apuradas na prova oral que foi colhida dos criminosos. Os criminosos contam a versão deles. Eles foram ouvidos, muitos mais de uma vez. A reprodução simulada tende a esclarecer pontos inconsistentes ou contraditórios – diz o superintendente da PF.

Segundo Fontes, os trabalhos policiais de campo continuam sendo feitos com o foco de identificar o motivo do crime. Mais de vinte pessoas foram ouvidas, e as oitivas continuam.

– A questão dos pertences pessoais e da ocultação dos corpos, tudo isso a gente já tem. Estamos agora atrás da efetiva motivação do crime e se existe ou não um mandante por trás, para dizer se tem ou se não tem – diz Fontes.

Os depoimentos são colhidos pela força-tarefa montada para investigar o caso, o que inclui a Polícia Civil, mas a Justiça estadual deve declinar a competência sobre o caso e enviar o conteúdo das investigações para a PF, diz o superintendente.

 

Uol

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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