João Modesto assume CRM/PB com desafios diante da Pandemia, zelo ético na medicina e firmeza para avançar com a modernidade

João Modesto assume CRM/PB com desafios diante da Pandemia, zelo ético na medicina e firmeza para avançar com a modernidade

Paraíba
Joaquim
2 de abril de 2021
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O médico endocrinologista João Modesto, paraibano de João Pessoa, agrega a trajetória de um dos mais influentes profissionais de saúde com reconhecimento nacional, agora tendo a missão de suceder o presidente do Conselho Regional de Medicina, médico Roberto Magliano encerrando gestão exitosa. Nesta entrevista EXCLUSIVA ao Portal WSCOM, o novo presidente aborda os mais importantes temas da atualidade a partir da Pandemia da Covid-19.

Eis a integra a seguir:

WSCOM – O significado conduzir o CRM/PB no auge da carreira profissional mesmo diante da pior pandemia sanitária no estado e País? Qual o papel do conselho nesse contexto?

JOÃO MODESTO –  Estamos vivenciando um momento extremamente difícil, mas que precisa ser enfrentado, pois o contexto da Pandemia é desafiador. Mesmo assim, vale ressaltar que o  CRM-PB, antes mesmo do primeiro caso de coronavírus na Paraíba, realizou ações de “Educação Médica Continuado”, sob minha coordenação, e levou a mais de 800 profissionais informações sobre avaliação clínica, diagnóstico e medidas de suporte. Ainda em 2020, Roberto Magliano instituiu o programa “Médicos Contra o Coronavírus”, um programa que percorreu 103 municípios e visitou 134 serviços de saúde, alguns mais de uma vez. Neste período, houve também supervisão direta com todos os serviços de referência e treinamento para atendimento a pacientes graves.
O CRM-PB, portanto, continua com sua missão de defender a medicina, condições dignas de trabalho para o médico e melhor assistência para o paciente, sempre em busca do bem-estar da sociedade.

WSCOM – O senhor sucede a gestão do presidente Roberto Magliano. Qual sua leitura crítica dessa fase?

JOÃO MODESTO – Suceder Roberto Magliano é um enorme desafio. Ele, como Presidente do conselho, trabalhou com um grupo, do qual fiz parte, e que inovou a forma com que os médicos e a sociedade enxergam o CRM-PB. Nesse sentido, entro com a missão de continuar esta gestão vigorosa para que o CRM continue sendo um órgão importante e sempre proativo para os médicos e a sociedade.

WSCOM – Quais os maiores desafios da classe médica na atualidade?

JOÃO MODESTO –  Os desafios são inúmeros mas, de uma forma geral, precisamos avaliar melhor a estruturação da carreira médica antes mesmo do jovem ser médico. É necessário aferir a qualidade de ensino médico, estimular os jovens médicos a manter o compromisso ético da profissão, estabelecer a necessidade de educação médica continuamente, potencializar novas lideranças e motivar com condições dignas de trabalho, o que inclui serviços estruturados e honorários adequados. Sou professor dos cursos médicos da UFPB e da FAMENE e tenho convicção de que não basta ensinar medicina, que não parece ser o mais difícil, mas procurar ensinar a ser um bom médico, que é o grande desafio.

WSCOM – Como o CRM convive com a nova cultura e realidade a exigir adaptação ao que se chama telemedicina?

JOÃO MODESTO – Alguns pensadores modernos sinalizam que três fatos foram marcantes nas últimas décadas: a chegada do homem a lua, o computador/internet e o genoma humano.  As modificações estão sendo rápidas e intensas. O advento da Inteligência Artificial é um fato. Nesse sentido, a forma como as pessoas se comunicam também modificou rapidamente na última década e a medicina está inserida neste contexto. Antes mesmo da pandemia, médicos já se comunicavam entre si e com seus pacientes à distância. O grande desafio é tornar a telemedicina segura para o médico e para o paciente na preservação dos dados, da privacidade, mas também na questão legal na emissão de receitas, atestados e demais documentos. Quero destacar que a telemedicina não substitui muitos aspectos importantes na avaliação da saúde do paciente. Por vezes, a forma que o paciente caminha, o cheiro que exala, a palpação, a ausculta, tudo isso pode esclarecer mais sobre a saúde do paciente. A telemedicina vem para auxiliar, mas não para substituir a presença do médico.

WSCOM – Um debate que dividiu o CFM e a ABM foi sobre a eficácia de medicamentos como cloroquina para combater precocemente a Covid. Qual sua opinião?

JOÃO MODESTO – Estamos atravessando um dos momentos mais aterrorizantes dos últimos tempos e com uma terrível e acirrada politização. Deveríamos todos estar unidos, discutindo com prudência, sensatez e muito trabalho em busca de soluções. Entendo que preconizamos sempre conduzir o paciente considerando as evidências científicas até então. A avaliação deve ser contínua. Entretanto, o CFM enviou para os CRMs uma orientação de não nos pronunciarmos sobre o assunto. Assim, como presidente da autarquia, prefiro não emitir opinião oficial neste momento, embora tenha minhas convicções pessoais, que podem mudar conforme os avanços científicos. Talvez tenhamos respostas num futuro o qual espero que não esteja longe.

WSCOM – Quais seus principais objetivos à frente da nova gestão no CRM?

JOÃO MODESTO – De início, quero afirmar que entendo que Soberana é  a Vida. Desse modo, o mais importante, neste momento é unirmos força e ajudar a salvar vidas. Precisamos continuar avaliando os serviços de saúde, a assistência e discutir soluções para os pontos de melhoria. Mais que críticas, precisamos pensar em soluções viáveis. Ao mesmo tempo, pretendo continuar defendendo a valorização dos princípios éticos da nossa profissão e realizar ações inovadoras e de impacto real para os médicos e para a sociedade. O CRM-PB precisa continuar conectado com o mundo atual, mais dinâmico, mais ágil, e buscar sempre o ponto de equilíbrio dentro dos preceitos éticos da nossa profissão.

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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