A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner foi vítima de um atentado quando chegava em sua casa, no bairro Recoleta, em Buenos Aires na noite dessa quinta-feira (1º). O suspeito foi preso e é um brasileiro, de 35 anos, com antecedentes criminais.
O presidente da República, Alberto Fernandez, divulgou em suas redes sociais um comunicado afirmando que este é o feito mais grave desde que o país recuperou a democracia. Ele atribuiu o caso a discursos de ódio, dizendo que eles engendram violência. “Esse caso tem gravidade institucional. Atentou-se contra nossa vice-presidente e nossa paz social foi alterada. Afeta nossa democracia, nossa convivência sofre as consequências dos discursos de ódio”, afirmou.
“A arma com cinco balas não disparou apesar de ter sido acionado o gatilho. Graças a isso Cristina continua com vida. Convoco a todos os argentinos a rejeitar qualquer forma de violência.” Fernández determinou feriado nacional nesta sexta-feira (2) para que o povo “possa se solidarizar” com a vice-presidente.
Confira:
Imagens de TV mostram o momento em que a vice-presidente deixava seu carro, rodeada por uma multidão de apoiadores e em determinado momento, Fernando Andrés Sabag Montiel, aponta uma pistola a menos de um metro de distância dela. Ela abaixa a cabeça para se defender e, aparentemente, a arma falha.
Em março de 2021, o acusado do crime já havia sido detido portando uma faca de 35 centímetros, no bairro de La Paternal, onde supostamente morava.
Segundo o ministro da Segurança da Argentina, Aníbal Fernández, o homem estava armado com uma pistola 3.8 e que ele teria tentado puxar o gatilho, sem sucesso. A emissora C5N informou que a arma teria falhado.
Em razão do feriado, partidas de futebol e sessões do Parlamento foram suspensas.
Líderes de oposição se solidarizaram com o ocorrido, bem como o ex-presidente Lula. Já o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ainda não se manifestou até a publicação desta matéria.
Momentos depois do ataque, a oposição divulgou um comunicado pedindo uma investigação urgente e condenando o que chamou de ato de violência. Senadores e deputados se reuniram no Parlamento para fazer uma foto unindo nomes peronistas e da oposição prestando solidariedade a Cristina —que, por seu cargo no governo, atua como presidente do Senado também
Políticos no Brasil e na América do Sul também se manifestaram.
A imprensa argentina informou que o homem usava touca e mácara e, por isso, teria chamado a atenção ao sair da multidão correndo após o ataque. Ele foi identificado como o autor do ataque, após cinco pessoas terem seguido o homem e a pistola ser encontrada na calçada.
Há mais de uma semana, a residência de Cristina na Recoleta se transformou em ponto de encontro de manifestantes pró e contra a ex-mandatária. Os protestos começaram quando o promotor Diego Luciani pediu uma pena de prisão de 12 anos para a política, que é acusada de chefiar um esquema de associação ilícita e fraude ao Estado no período em que foi presidente (2007-2015).
Luciani também solicitou que Cristina seja inabilitada a concorrer a cargos públicos para o resto da vida e que sejam devolvidos aos cofres públicos 5,3 bilhões de pesos (R$ 200 milhões).