Em Aguiar conheça o radiotelescópio brasileiro que vai mapear parte escura do Universo

Em Aguiar conheça o radiotelescópio brasileiro que vai mapear parte escura do Universo

Destaque Vale
Joaquim
25 de julho de 2022
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O radiotelescópio brasileiro Bingo está em desenvolvimento em Aguiar, na Paraíba, e, assim como o famoso telescópio espacial James Webb, lançado em 2021 pela Nasa, tem o objetivo de captar imagens e contribuir para pesquisas sobre o espaço. Ambos permitem a observação de locais mais afastados do universo, a chamada energia escura.

De acordo com o coordenador do Projeto Bingo e professor da USP, Elcio Abdalla, a energia escura é o maior componente do universo e 95% de seu conteúdo é completamente desconhecido. Dessa porcentagem, 27% são constituídos de matéria escura e apenas 5% podem ser observados diretamente, a matéria bariônica.

“A grande maioria dos 5% [de matéria conhecida] é constituída de hidrogênio. O hidrogênio emite um tipo de luz característico, a chamada linha de 21 cm — onda eletromagnética de comprimento de onda de aproximadamente 21 cm”, explica o físico teórico.

Assim, por meio do mapeamento do hidrogênio e com informações da teoria geral de distribuição de matéria e de atração gravitacional, é possível, ao analisar esse tipo de onda, estabelecer uma melhor compreensão da estrutura intrínseca do Universo e de seu setor escuro.

“A energia escura constitui mais de duas terças partes do Universo material, sendo, portanto, essencial para entender que tipo de expansão acontece no Universo. Sendo completamente desconhecida, essa parte do universo pode trazer surpresas para nós, que não sabemos, no momento, estimar o que ocorre com o setor escuro e se ele pode ser melhor estudado e até mesmo usado para algo”, afirma Abdalla.

Em razão disso, o radiotelescópio nacional também vai observar e monitorar as chamadas Oscilações Acústicas de Bárions (BAO, na sigla em inglês), estruturas que se estendem por cerca de meio bilhão de anos-luz no espaço. A investigação é uma forma de restringir as propriedades da energia escura para que seja possível compreender um pouco mais sobre a sua natureza.

“Ambas as observações andam lado a lado, permitindo assim que a ciência seja feita de modo efetivo e importante e captando informações sobre a formação das primeiras estruturas, da formação de galáxias e de estruturas ainda maiores”, destaca o físico teórico.

As BAOs são tão importantes que são responsáveis por parte do nome do telescópio, originado de uma sigla do inglês Baryon Acoustic Oscillations (B) from Integrated (I) Neutral (N) Gas (G) Observations (O) (Oscilações Acústicas de Bárions de Observações Integradas, em tradução livre), ou seja, Bingo.

 

 

R-7

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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