Substâncias de risco à saúde são encontradas na água distribuída pela Cagepa em Itaporanga

Substâncias de risco à saúde são encontradas na água distribuída pela Cagepa em Itaporanga

Destaque Vale
Joaquim
9 de março de 2022
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Dados inéditos levantados pela organização não governamental ‘Repórter Brasil’ mostram que substâncias tóxicas, acima do limite da segurança, foram oferecidas pela água que saiu da torneira de 763 cidades brasileiras, entre 2018 e 2020, entre elas, Itaporanga, no Vale do Piancó. As substâncias são derivadas dos produtos usados no próprio tratamento da água.

De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde, ácidos haloacéticos são classificados como possivelmente cancerígeno para humanos. Em altas concentrações, os ácidos haloacéticos também podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso.

O trihalometanos também é classificado como possivelmente cancerígeno. A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue.

Os dados são resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde. Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água.

“Com certeza deve ter acontecido um manejo inadequado de substâncias como cloro ou outras usadas normalmente no tratamento das águas. Esse manejo inadequado deve ter provocado reações químicas que formaram essas substâncias na água já tratada. Quem está em risco são as pessoas, não as cidades, é uma questão de saúde pública”, explica.

Para reverter essa situação, o pesquisador indica que os operadores dos sistemas de tratamento de água nestas cidades devem passar por treinamento e por constante acompanhamento e controle interno das companhias de água, no caso da Paraíba, a Cagepa. Nos sistemas da Cagepa a responsabilidade é do Governo do Estado.

“Alguns sistemas são autônomos e eram apoiados pelo Governo Federal, através da Funasa, mas como sabemos, o Governo Federal nesta gestão tem cortado gastos em muitas áreas de alcance social e isso debilitou também a Funasa”, explica o professor do departamento de geociências.

Importante notar que o problema não vem da água in natura, quer dizer não é um mal da água na natureza, mas da água tratada, manipulada e alterada pelo homem para se tornar potável, é um problema gerado por ação humana.

O que diz a Cagepa

Procurada pelo g1, a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) divulgou uma nota sobre o assunto.

“Sobre as informações contidas no mapa da água, divulgado nesta segunda (7), vimos inicialmente tranquilizar toda a população paraibana sobre a qualidade da água distribuída pela Cagepa no estado. Nossas equipes realizam constantemente o controle da água, conforme os planos de monitoramento definidos pela Portaria de Potabilidade, com aprovação inclusive das Vigilâncias Sanitárias municipais”.

A empresa disse ainda que garante a qualidade da água que distribui à população das cidades de Itaporanga e de Água Branca, e que “vem exercendo ações para aperfeiçoar seus sistemas de tratamento para produzir água de qualidade e reduzir o tempo das ações corretivas, tomando as devidas providências nos casos pontuais de desconformidade”. Afirmou também que as substâncias questionadas na reportagem “possuem um aparecimento pontual e sazonal, acompanhando estiagens rigorosas e recorrentes, como as enfrentadas no nosso Estado nos últimos 5 anos”. A companhia disse ainda que mantém-se em alerta e já está tomando providências para que o mesmo não ocorra novamente.

A Cagepa também afirmou que “está em alerta constante em relação às substâncias que geram riscos à saúde, e que possam estar presentes na água”.

O que dizem as prefeituras

Procuradas pelo g1, as prefeituras não se manifestaram até o momento.

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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