O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer se encontrar com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), até a próxima quarta-feira (24), dia de sessão conjunta no Congresso Nacional para analisar vetos presidenciais.
Nesta segunda-feira (22), Lula cobrou a equipe de governo, publicamente, durante evento em Brasília. Ao citar ministros, o presidente cobrou mais articulação política dos ministros.
“Isso significa que o Alckmin tem que se mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington, o Rui Costa precisam passar maior parte do tempo conversando com bancada. É difícil, mas a gente não pode reclamar porque a política é exatamente assim. Ou você faz assim, ou não entra na política”, cobrou Lula.
Entre as prioridades do Palácio do Planalto, está o veto às emendas coletivas de autoria das comissões no valor de mais de R$ 5,5 bilhões. O governo tenta acordo para manter o veto, pelo menos sobre R$ 2 bilhões e liberar o restante. Por outro lado, Lira e aliados prometem uma derrubada total.
Derrubada do veto sobre saidinhas
Outro risco é o veto ao fim das saidinhas da prisão. O governo busca apoio com governadores e a bancada evangélica para manter a possibilidade de os presos visitarem familiares. O assunto é de interesse direto do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que teme uma revolta nos presídios caso o veto seja derrubado. Mais cedo, tentou minimizar a crise.
“De vez em quando, se diz que há crise entre os poderes. Não me parece que haja crises. O Congresso legisla. O Executivo, eventualmente, impõe alguma sanção, que pode ser derrubada pelo Congresso Nacional. Isso tudo dentro da constituição”, ponderou o ministro da Justiça.
Sessão desanimadora para o governo
A crise, porém, é explicita, principalmente depois de declarações recentes e espinhosas entre Lira e Alexandre Padilha (PT), ministro das Relações Institucionais. De um lado, o petista diz que o assunto já foi superado. Do outro, segundo aliados, o parlamentar não aceita receber nem um telefonema do articulador.
Ainda hoje, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, falou com Lira, por telefone, para medir a temperatura da sessão de análise de vetos, mas o retorno não teria sido animador.
Ato de Bolsonaro
O governo também acompanha um reagrupamento da oposição em torno de Jair Bolsonaro (PL). Nesse domingo (21), o ex-presidente reuniu apoiadores em Copacabana, no Rio de Janeiro. Ministros avaliam que o ato foi menor do que o esperado, mas estão de olho em reflexos no clima do Legislativo.
PEC do Quinquênio
Em outra frente, Padilha articula com Pacheco. A intenção é adiar a votação da “Pec do Quinquênio” dos servidores do Judiciário, aprovada numa comissão do Senado. A proposta cria um adicional por tempo de serviço de 5% do salário a cada cinco anos. Nas contas do governo, isso pode fazer um rombo de mais de R$ 40 bilhões por ano nos cofres públicos.