
Brasileiro é o maior colecionador particular de manuscritos do mundo
Mundo“Eu deveria estar em uma camisa de força!” O brasileiro Pedro Corrêa do Lago dedicou sua vida a reunir a maior coleção particular do mundo de cartas autografadas e manuscritos, incluindo uma parte inestimável relacionada a Marcel Proust, escritor que ele venera.
“Você está diante de um senhor louco, em uma casa um pouco estranha, em meio a uma bagunça alucinante. Este é o resultado de uma paixão de mais de 50 anos”, explica o historiador ao receber a AFP na residência onde acaba de se instalar, no bairro carioca da Gávea.
Arquivos corta-fogo, desumidificadores, pilhas de livros no chão. A residência bem iluminada do começo dos anos 1950 abriga, em três andares, uma biblioteca imponente de 11 metros de altura, acessível por uma escadaria interna.
“Vou completar 65 anos e desde os 12, 13 anos de idade, reuni a maior coleção de autógrafos do mundo”, diz o brasileiro. Trata-se de assinaturas, mas principalmente de cartas, manuscritos, fotos, desenhos.
“A ambição desmedida” desta coleção com mais de 100.000 peças atualmente é “refletir a cultura ocidental dos últimos cinco séculos”.
“Minha esposa chama os vendedores de manuscritos de meus traficantes”, diz ele, ao descrever a obsessão de toda uma vida como “um vírus, uma doença”, mas que “lhe trouxe muitas alegrias”, apesar de alguma ansiedade financeira.
Filho de diplomata, que recebeu “uma educação privilegiada”, Corrêa do Lago representou durante 26 anos a casa de leilões Sotheby’s em São Paulo, dirigiu a Biblioteca Nacional, no Rio, e foi curador de diversas exposições sobre o Brasil.
Ele fundou com sua esposa, Bia, filha do escritor Rubem Fonseca, morto em 2020, a editora de livros de arte Capivara e é autor de cerca de 20 obras.
Correio Braziliense