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CNI divulga relatório sobre os impactos do tarifaço em cada estado brasileiro

CNI divulga relatório sobre os impactos do tarifaço em cada estado brasileiro

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um extenso relatório que detalha os impactos setoriais e estaduais da tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as importações de produtos brasileiros. O documento, focado nas relações econômicas entre Brasil e EUA e com dados de 2024, revela uma preocupação generalizada entre as federações da indústria estaduais com as consequências da medida sobre a competitividade das exportações, a geração de empregos e os investimentos.

De acordo com o levantamento da CNI, a tarifa tem provocado perdas econômicas significativas em diversas unidades da federação. São Paulo lidera a lista dos estados mais impactados, com uma variação de -0,13% no PIB estadual, o que se traduz em um prejuízo de US$ 4.466 milhões. Outros estados que sofrem com o impacto são Rio Grande do Sul (-0,25%, com perda de US$ 1.917 milhões), Paraná (-0,27%, com US$ 1.914 milhões), Santa Catarina (-0,31%, com US$ 1.737 milhões) e Minas Gerais (-0,15%, com US$ 1.665 milhões). O Amazonas registra a maior variação percentual negativa, -0,67%, resultando em uma perda de US$ 1.145 milhões.

A análise da CNI reitera a relevância da relação econômica entre Brasil e Estados Unidos, descrevendo-a como robusta e estratégica, baseada em comércio, investimentos e integração produtiva. Em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado para o mercado americano, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil. Os EUA são o terceiro principal parceiro comercial do Brasil, o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira, o maior investidor direto no Brasil e o principal destino dos investimentos diretos brasileiros no exterior.

Detalhamento por Setores e Estados

A indústria de transformação representa, em média, 82% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Os principais setores exportados para o mercado americano em 2024 foram metalurgia (US$ 7,195 milhões), extração de petróleo bruto e gás natural (US$ 5,830 milhões) e alimentos (US$ 4,643 milhões). Os produtos mais exportados incluem óleos brutos de petróleo, produtos semiacabados de ferro ou aços e aeronaves. Muitos desses produtos estão agora sujeitos à tarifa de 50%, seja por imposição recíproca ou setorial.

O relatório detalha o impacto em cada estado:

  • Acre: As exportações para os EUA em 2024 totalizaram US$ 4,5 milhões, com destaque para castanha-do-pará e madeira. A tarifa de 50% afeta principalmente a castanha-do-pará e soja.
  • Alagoas: Exportou US$ 79,3 milhões, principalmente açúcares de cana, ambos impactados pela tarifa de 50%.
  • Amapá: As exportações para os EUA foram de US$ 16,2 milhões, com destaque para sorvetes e frutas, que sofrem com a tarifa recíproca de 50%.
  • Amazonas:Exportou US$ 99,8 milhões, com motocicletas e óleos leves entre os principais produtos, com a tarifa de 50% afetando motocicletas e máquinas de escritório.
  • Bahia: As exportações somaram US$ 882,1 milhões, com celulose, papel e químicos em destaque. Pastas químicas de madeira e pneus novos de borracha são afetados por tarifas de 50% e 25%, respectivamente.
  • Ceará: Com US$ 659,1 milhões exportados, a metalurgia foi o setor principal, com produtos semimanufaturados de ferro ou aços sofrendo a tarifa setorial de 50%.
  • Distrito Federal: Exportou US$ 7,8 milhões, principalmente gorduras e óleos animais ou vegetais, e produtos de padaria, que são atingidos pela tarifa recíproca de 50%.
  • Espírito Santo: Exportou US$ 3.068 milhões, com metalurgia e minerais não metálicos em destaque. Produtos semimanufaturados de ferro ou aços e minérios de ferro são impactados por tarifas setoriais ou recíprocas de 50%.
  • Goiás: As exportações totalizaram US$ 408,5 milhões, com carnes bovinas, ferroníquel e açúcares de cana entre os principais produtos, todos sob tarifa recíproca de 50%.
  • Maranhão: Exportou US$ 748,6 milhões, com celulose e metalurgia como principais setores. Pasta química de madeira e ferro fundido bruto não ligado são afetados pela tarifa de 50%.
  • Mato Grosso: Com US$ 415,0 milhões em exportações, destacam-se carnes bovinas, ouro e sebo, sujeitos à tarifa de 50%.
  • Mato Grosso do Sul: As exportações foram de US$ 669,6 milhões, com carnes bovinas, celulose e ferro fundido bruto não ligado fortemente impactados pela tarifa de 50%.
  • Minas Gerais: Exportou US$ 4.622 milhões, principalmente café não torrado e ferro fundido bruto não ligado, ambos com tarifa de 50%.
  • Pará: Exportou US$ 835,4 milhões, com destaque para metalurgia e químicos. Óxidos de alumínio, ferro fundido bruto não ligado e madeiras tropicais perfiladas estão sob investigação ou sujeitos a 50% de tarifa.
  • Paraíba: As exportações somaram US$ 35,6 milhões, com açúcares de cana e sucos de frutas impactados pela tarifa de 50%.
  • Paraná: Exportou US$ 1.588 milhões, com madeira, alimentos e máquinas e equipamentos. Madeira perfilada e outras madeiras compensadas estão sob investigação, enquanto carregadeiras e transformadores são tarifados em 50%.
  • Pernambuco: Com US$ 205,2 milhões em exportações, açúcares de cana e uvas frescas são os mais afetados pela tarifa de 50%.
  • Piauí: Exportou US$ 42,1 milhões, principalmente mel natural, ceras vegetais e minérios de ferro, todos com tarifa de 50%.
  • Rio de Janeiro: Exportou US$ 7.413 milhões, com óleos brutos de petróleo e produtos semimanufaturados de ferro ou aços como os principais produtos. Óleos brutos estão sob investigação, enquanto os produtos de metalurgia têm tarifa de 50%.
  • Rio Grande do Norte: Exportou US$ 67,1 milhões, com produtos de origem animal, produtos de confeitaria e albacoras sob tarifa de 50%.
  • Rio Grande do Sul: As exportações atingiram US$ 1.847 milhões, com fumo não manufaturado, pasta química de madeira e espingardas sob tarifa de 50%.
  • Rondônia: Exportou US$ 122,7 milhões, com carnes bovinas, soja e café não torrado sujeitos à tarifa de 50%.
  • Roraima: Com US$ 0,9 milhões em exportações, tratores e motores para aviação são os principais produtos, ambos com tarifa de 50%.
  • Santa Catarina: Exportou US$ 1.744,9 milhões, com portas, partes para motores diesel e madeira perfilada. Portas e motores elétricos são tarifados em 50% e 25%, respectivamente.
  • Sergipe: As exportações foram de US$ 72,2 milhões, com óleos brutos de petróleo sob investigação, e óleo essencial de laranja e sucos de laranja tarifados em 50%.
  • Tocantins: Exportou US$ 73,9 milhões, principalmente carnes bovinas e peptonas, ambas com tarifa de 50%.


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Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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