Presidente da Abicom critica ‘falta de transparência’ na nova política de preços da Petrobras

Presidente da Abicom critica ‘falta de transparência’ na nova política de preços da Petrobras

Brasil
Joaquim
31 de maio de 2023
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O valor médio da gasolina nos postos brasileiros deve aumentar a partir de quinta-feira, 1º, já que a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível irá mudar. A partir desta data, o imposto terá uma alíquota única e fixa sobre o litro da gasolina. A cobrança sobre o litro do combustível será de R$ 1,22 em todo o país.

Hoje, ela é feita em percentual sobre o preço de venda do produto, variando de 17% a 18%. Para falar sobre este cenário, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou Sergio Araujo, que é presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) e criticou o fato da Petrobras abandonar a política de preços de paridade de importação: “A preocupação é que a Petrobras tenha alguma ação sobre o preço do produto e, com o objetivo de reduzir o impacto para o consumidor, reduza o preço nas refinarias. Isso é muito ruim porque de fato afasta ou inviabiliza a operação dos importadores, como também causa impacto nos demais produtores de gasolina no mercado nacional”.

“A gente não tem hoje só a Petrobras produzindo gasolina, existem refinarias privadas e existem formuladores. Esse risco e falta de transparência na precificação gera falta de previsibilidade e gera insegurança, não só para os importadores, como para os demais produtores de gasolina no mercado nacional. Também pressiona a competitividade do combustível alternativo, que no caso da gasolina é o etanol. Isso é ruim e, no final do dia, pode levar sim a um falta de abastecimento, uma vez que a Petrobras não tem capacidade instalada para atendimento do mercado. No ano passado, em 2022, o Brasil precisou importar em torno de 14% da gasolina que foi consumida”, argumentou.

O especialista em combustíveis explicou os impactos da alteração do imposto estadual e garantiu que o preço nas bombas irá aumentar na maioria dos Estados: “Este aumento da carga tributária do ICMS, o imposto estadual, sobre a gasolina já estava previsto. Lembrando que houve uma redução em junho de 2022, quando na gestão anterior o presidente Bolsonaro fez aquela intervenção reduzindo a alíquota do imposto sobre os combustíveis em 18%, considerando que combustível é um bem essencial.

Mas havia aí essa previsão de retomada desse ICMS e foi discutido e acordado entre o Confaz a aplicação dessa alíquota em reais por litro, de R$ 1,22 por litro comercializado. A expectativa para o consumidor é de aumento de preço a partir de amanhã, um aumento da ordem de R$ 0,20 por litro na média do Brasil. Dos 27 Estados da federação, somente em três Estados existe a expectativa de redução do preço, Amazonas, Piauí e Amazonas. Nos demais Estados e no Distrito Federal haverá aumento de preço sim”.

Apesar do aumento em virtude dos impostos, o presidente da Abicom ressaltou que isto pode ser compensado pela queda do preço do barril do petróleo no mercado internacional. Entretanto, o representante dos importadores destaca que não existe a certeza de que a Petrobras agirá desta maneira justamente pela nova política de preços: “Sempre que o preço no mercado internacional cai existe uma expectativa de redução de preço também no mercado externo. Apesar de que o anúncio feito pela Petrobras da sua nova política de preços, na qual ela desvincula os preços praticados por ela do mercado internacional. Na verdade, o que o presidente da Petrobras colocou é que a empresa vai continuar olhando para o preço do mercado internacional, das commodities, vai continuar olhando também para o câmbio, mas incluiu na composição do seu preço algumas variáveis que não são mensuráveis, não são facilmente mensuráveis, tirando totalmente a transparência na formação de preço por parte da Petrobras.

“Se por um lado existe a expectativa com a redução no cenário internacional, a gente fica sem saber exatamente qual vai ser o comportamento da Petrobras. O que se espera é que politicamente a Petrobras aproveite essa redução, para fazer uma redução no preço do mercado interno de forma a suavizar esse aumento na gasolina causado pelo aumento do ICMS.

Mas é bom lembrar que, olhando para ontem, dia 30 de maio, o preço da gasolina da Petrobras já estava 11% abaixo da paridade, levando a uma necessidade de aumento para equiparação do preço da commodity ao mercado internacional, que é a forma de precificar commodity. Ainda mais em um país como o nosso, que é dependente da importação desse combustível”, declarou.

 

Jovem Pan

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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