Talibã anula divórcios e abre espaço para fortalecimento da violência doméstica

Talibã anula divórcios e abre espaço para fortalecimento da violência doméstica

Mundo
Joaquim
7 de março de 2023
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Com uma interpretação rigorosa do islã, o Talibã adotou restrições severas contra as mulheres desde que retomou o comando no Afeganistão, implementando o que a Organização das Nações Unidas (ONU) chamou de “apartheid de gênero”. A discriminação ocorre em todas as áreas, dos estudos ao trabalho, passando pela inexistente vida social. Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres, aumentam os relatos de anulação de divórcios, que, de certa forma, foram mais aceitos no período em que os extremistas ficaram longe do poder.

A violência doméstica no Afeganistão é endêmica. De acordo com a ONU, nove em cada 10 afegãs sofrerão violência física, sexual ou psicológica por parte de seus companheiros. O divórcio, no entanto, geralmente é mais tabu do que os abusos e a sociedade é impiedosa com as mulheres que deixam seus maridos.

Com o governo anterior, as taxas de divórcio aumentavam paulatinamente em algumas cidades, onde os poucos progressos nos direitos femininos se limitavam à educação e aos empregos.

Sem esclarecimentos, as mulheres atribuíam todos os abusos que aconteciam com elas ao destino, destaca Nazifa, uma advogada que trabalhou com sucesso em quase 100 casos de divórcio de mulheres abusadas, mas que não tem mais permissão para trabalhar no Afeganistão governado pelo Talibã.

À medida que a conscientização aumentava, elas perceberam que o divórcio era algo possível. “Quando não há mais harmonia no relacionamento entre marido e mulher, até o Islã permite o divórcio”, explica Nazifa, que não revelou o sobrenome, à agência de notícias France Presse.

Outra advogada, que pediu anonimato, foi testemunha recentemente de uma audiência na qual uma mulher lutava contra a reunificação forçada com o ex-marido.

A advogada explicou que os divórcios no governo Talibã são permitidos apenas quando o marido é classificado como viciado em drogas ou quando deixou o país. “Mas em casos de violência doméstica ou quando um marido não aceita o divórcio, o tribunal não os concede”, disse à AFP.

Correio Braziliense

Joaquim Franklin

Joaquim Franklin

Formado em jornalismo pelas Faculdades Integradas de Patos-PB (FIP) e radialista na Escola Técnica de Sousa-PB pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba.

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