A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (MDB), por possível suspeita de ligação com uma facção criminosa durante as eleições municipais de 2024. A informação foi confirmada pela PF e o processo tramita sob segredo de Justiça. Em nota, o gestor se defende e diz que confia na verdade.
O pedido de investigação partiu do Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional Eleitoral da Paraíba (PRE-PB), e foi autorizado pelo juiz Bruno Texeira de Paiva, do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB). Segundo o magistrado, os elementos apresentados “ultrapassam o campo da mera suspeita”, o que justifica a continuidade das apurações.
Apesar disso, o juiz reconheceu que ainda não há provas suficientes para uma denúncia formal contra o prefeito.
Defesa nega irregularidades
Em nota, a defesa de Cícero Lucena afirmou que o gestor está “à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento”, e destacou que ele confia na Justiça e na transparência de sua vida pública.
Confira a nota na íntegra:
“Curiosamente, mais uma vez, quando o nome de Cícero Lucena aparece liderando pesquisas eleitorais, surgem tentativas de desgastar sua imagem por meio de interpretações distorcidas e maldosas.
Nesta terça-feira (28), uma publicação exibindo supostos documentos sob segredo de Justiça tenta induzir o leitor a acreditar em um conjunto de ilações, sem qualquer base concreta ou denúncia apresentada à Justiça Eleitoral.
A assessoria do prefeito e pré-candidato ao Governo da Paraíba em 2026 esclarece que o processo nº 0600222-50.2024.6.15.0070, vinculado à Operação Livre Arbítrio, não inclui Cícero Lucena entre os investigados.
Em decisão proferida em 11 de setembro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) acolheu parecer da Procuradoria Regional Eleitoral e determinou a devolução do inquérito à 64ª Zona Eleitoral, reconhecendo que os atos atribuídos ao prefeito já estavam sendo analisados no âmbito da Operação Território Livre. Assim, Cícero não integra o escopo investigativo da Operação Livre Arbítrio.
É importante destacar que a Operação Território Livre investiga supostos atos ocorridos no segundo turno das eleições de 2022, período em que Cícero Lucena não era candidato nem tinha parentes em disputa, tendo se limitado a apoiar as candidaturas do governador João Azevêdo e do vice-governador Lucas Ribeiro. Em tal operação há agentes públicos investigados, mas pertencem a esfera estadual.
Cícero Lucena reafirma que sempre esteve e continuará à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, por confiar na verdade, na justiça e na transparência de sua vida pública, se submetendo ao maior julgamento que um político pode passar – o processo eleitoral.
O prefeito lamenta ainda o uso político e recorrente de informações distorcidas em períodos eleitorais — prática já enfrentada em outras campanhas — e reitera sua serenidade e confiança de que, mais uma vez, a verdade prevalecerá, com a reafirmação de sua conduta ética e irrepreensível ao longo de toda sua trajetória”.
Crimes investigados
O inquérito investiga possíveis crimes de natureza eleitoral e comum, entre eles:
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Corrupção eleitoral – Art. 299 do Código Eleitoral
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Coação eleitoral – Art. 301 do Código Eleitoral
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Organização criminosa – Lei nº 12.850/2013
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Corrupção ativa e passiva – Arts. 317 e 333 do Código Penal
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Peculato – Art. 312 do Código Penal
Origem das investigações
A solicitação do MPF foi baseada na “Operação Território Livre”, deflagrada em 2024, que investigou o aliciamento violento de eleitores em João Pessoa. Durante a operação, a primeira-dama Lauremília Lucena chegou a ser presa, suspeita de integrar o esquema.
Em setembro deste ano, ela e outros oito investigados foram denunciados por corrupção eleitoral.
As investigações apontam que a facção Nova Okaida exercia controle sobre bairros como São José e Alto do Mateus, restringindo a livre manifestação política e intimidando eleitores e candidatos. Em troca, os líderes do grupo e seus familiares teriam recebido cargos e vantagens na administração municipal.
O juiz também desmembrou o inquérito, enviando parte do processo à 1ª instância, para continuidade das apurações sobre investigados sem foro privilegiado.
O Portal Paraíba.com.br mantém aberto o espaço para que os citados nesta reportagem possam se manifestar ou prestar mais esclarecimentos, se desejarem.


